terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Quero continuar a sentir!!!

"Quem viaja só, abre-se ao mundo.
A ideia de solidão mete medo a muita gente, mas na realidade quase nunca nos sentimos sozinhos a viajar sem companhia. A solidão é muito mais comum no dia-a-dia, sob a forma da indiferença e da banalidade nas relações profissionais e familiares; do que em viagem, onde cada relacionamento, até a simples troca de saudações pela compra de um cacho de bananas na mercearia da esquina, se reveste da intensidade dos actos estudados e irrepetíveis. Parece um paradoxo, mas é pelo próprio facto de não estarmos acompanhados que estamos disponíveis para outras companhias.
Estamos constantemente a conhecer pessoas: por vezes, os habitantes dos lugares que visitamos; mas, com mais frequência, outros viajantes que, como nós, visitam esses lugares. Os interesses e as preocupações são comuns, a solidariedade nasce espontaneamente. Uma característica óbvia das amizadesem trânsito é a curta duração. Uns dias juntos, e depois as estradas bifurcam-se de novo. Talvez por o prazo de validade ser tão breve, ou talvez porque a andar pelo mundo sentimo-nos mais vulneráveis, a verdade é que as amizades feitas em viagem adquirem uma força inoxidável."
-CADILHE, G. (in A LUA PODE ESPERAR)

2 comentários:

Bela Isa disse...

Como te entendo... como o entendo a ele... Mais um livro para a lista dos que quero ler.
Também o viajar me preenche, me da energia para este dia a dia por vezes algo banal...
Fiquei triste por não te ver este fim de semana... mas não deu mesmo.
Também gostava de te ver mais vezes... estar mais contigo. Mas somos viajantes que se encontram e dão muito mais de si do que encontros quotidianos por vezes desprovidos de sentir... Sinto falta da tua energia! :)

Unknown disse...

Por vezes dou aqui uma saltada para ver as tuas andanças. Estas do Cadilhe são bastante interessantes. Ele acabou por largar muito do que tinha como garantido para seguir esta vida que depois lhe trouxe novas garantias. Este é o maior problema. Pensamos em sair. Em partir. Em abdicar do que temos como certo. Mas ficamos sempre naquela indecisão. Será que vamos conseguir? Será que depois volto com as mãos mais vazias do que tinha antes de partir? Eu acho que não. Acho que as pessoas que têm esta coragem de partir são únicas. Quem me dera ser uma delas! Mas a nossa natureza diz-nos que também devemos parar. Criar raizes. Grande dilema não é? Acho que o importante é sentirmos e depois avançar sem medo simplesmente em direcção ao que nos faz realmente felizes. Para mim são as montanhas. E para ti?