segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Cerimónia de Candomblé (15 Dezembro)

As expectativas estavam bem elevadas. Eu estava entusiasmadíssima com a oportunidade de ir, finalmente, vivenciar a realidade do Candomblé!... Embora as circunstâncias não fossem as melhores - estava inserida num grupo de turistas que havia pago a um guia para assistir à Cerimónia - seguia bastante confiante que a energia dos Orixás iria sobrepor-se a tudo isso!!!

Depois de uma breve explicação sobre esta religião e a forma como foi ganhando relevância no Brasil (sim, mais uma vez tive de ouvir o quão injustos, egoístas, cruéis foram os Portugueses!!!), entrámos no Terreiro onde iria decorrer a Cerimónia.

Hoje a Cerimónia era para OXÚM - Dona das águas. Senhora da fertilidade, da gestação e do parto, cuida dos recém-nascidos, lavando-os com suas águas e folhas refrescantes. Jovem e bela mãe, mantém suas características de adolescente. Cheia de paixão, busca ardorosamente o prazer. Coquete e vaidosa, é a mais bela das divindades e a própria malícia da mulher-menina. É sensual, exibicionista, consciente de sua rara beleza. Se utiliza desses atributos com jeito e carinho para seduzir as pessoas e conseguir seus objetivos.Osun é chamada de Yalodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade, além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre as águas doces, sem a qual a vida na terra seria impossível. Dança de preferência sob o ritmo de sua terra: Igexá. Sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora - por isso várias pessoas vestem de cor amarela ou dourada.
As pessoas vão chegando e acomodando-se. Homens dirigem-se para o lado esquerdo e mulheres para o lado direito. Algumas pessoas são cumprimentadas com beijos na mão. uma espécie de pedido de benção, creio. Chegaram os Ogans para tocar os Atabaques. Os sons da Terra iniciam a cerimónia e despertam em mim boas sensações!... Vão entrando várias mulheres com a indumentária típica da mulher bahiana. Descalças, vão "passeando" pela sala ao ritmo dos Atabaques.

Neste Terreiro a autoridade máxima é uma mulher, IALORIXÁ (Mãe de santo). Entrou acompanhada por um homem que na verdade não sei se é BABALORIXÁ (Pai de santo), ou apenas o seu companheiro!

Durante bastante tempo dançou-se e cantou-se para diferentes Orixás (infelizmente, muito do que aconteceu ia além da minha compreensão)... Algumas pessoas começaram, então, a entrar em transe. A serem possuídos. Foi no mínimo estranho, e desculpem-me o meu cepticismo, mas alguns dos acontecimentos não me pareceram totalmente genuínos!... (talvez este ceptcismo decorra da minha falta de conhecimento sobre a religião)

As pessoas que entravam em transe eram auxiliadas por Ekedes, que as levavam para uma sala onde, penso eu, eram adornadas com alguns objectos representativos de um determinado Orixá e voltavam à roda para dançar, agora com feições muito marcadas, revirando os olhos, colocando a boa de uma forma estranha e estremecendo de quando em vez... Num dado momento, que também não percebi qual era, essas pessoas eram de novo levadas, agora para uma outra divisão da sala, e algum tempo passado surgiam vestidas do Orixá que as tinha possuído!!!

A música, a dança, o transe, a saída e a entrada de pessoas, fez-se continuar por bastante tempo mas, quando aparentemente a cerimónia estaria perto do seu término e seria distribuída alguma comida cozinhada por YA BACE, sou surpreendida (eu e todos os outros turistas que estavam no meu grupo) pela chamada do Guia para sairmos da sala!!! Fiquei sem saber o que se passava mas saí como todos os outros. Já no exterior, questiono o porquê da nossa saída ao que o guia responde muito calmamente algo do género " A visita era por 2 horas apenas, e até já passou mais; tenho de vos deixar nas pousadas!!!" Fiquei um pouco incrédula. Pela falta de respeito para com as pessoas na Cerimónia e para connosco, que estavamos ali para a Cerimónia!...

No final, tenho de confessar que as minhas expectativas não foram superadas. Não senti a verdadeira energia, que penso existir, dos Orixás... Espero ter outras oportunidades. Acredito que vou ter. E depois parilharei com vocês novas experiências!!!
Cerimónia de Candomblé

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